Carta da Clèlia ao filho Márcio Eduardo

Olá queridos,

Kleber e eu estivemos ontem na casa da mãe do Márcio Eduardo pra almoçarmos com ela e a avó, Marina. Ao fim do dia, depois de muita conversa, piadas (a Marina tem 94 anos mas é uma piadista engraçadíssima!) e lembranças do ME, choramos muito quando a Clélia leu a carta que escreveu pro filho, na tentativa de preencher seu coração tão vazio. Gostaria de reproduzi-la aqui pra vocês pra que vocês conheçam um pouco mais da história de nosso saudoso amigo. Peço que vibrem por ele e pela mãe e avó, no intuito de trazer algum conforto a estes corações que vão passar pelo 1º fim de ano sem o ME. Forte abraço a todos.

Márcio Eduardo,

Você foi “o meu menino”. Era grande, mas cabia dentro do meu coração _ você me deu uma sobrevida. Foi o presente mais esperado e o sonho mais sonhado. Eu sempre te esperei, desde menina. A alegria da espera ficou pequena diante da sua chegada. A sua carinha rosada não me sai da cabeça. E o sorriso então?Não vou nem falar! O banguela mais lindo do mundo. Depois que você chegou, vivi novamente minha infância. Virei criança de novo. Engatinhei de novo (com você), joguei bola, andei de skate, andei de bicicleta, lutei boxe, joguei basquete, dominó, baralho, vídeo game (só não patinei), só pra te fazer companhia e te fazer mais feliz, porque com você, eu era mais, muito feliz. Não me esqueço do “pré” na escola “Rosazul” e o teu primeiro dia do 1º ano no João Ramalho _ foi até o colegial lá. Você foi um sucesso. No teatro, nos jogos, nas notas e era o queridinho das professoras. No dia 10 de Maio/96 era o dia do seu aniversário. Chovia muito, mas eu saí. Quando eu voltei, trazia o teu violino. Você ficou muito feliz com a surpresa. Em 2001 entrou na faculdade de direito de SBC, a mais concorrida faculdade pública do ABC. Chorei de alegria com você. Não tínhamos dinheiro para os livros e você tirava Xerox dos livros dos outros. Lutamos muito (R$), mas você venceu. Se formou em 2005.

Márcio, você foi quem queria ser: culto, curioso, educado, amigo, sensível, simples, modesto, humilde, mas principalmente, bondoso e generoso com todos. Música, faculdade, artes em geral e a grande paixão da sua vida, “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Vivi tudo isso com você.

No dia 13/Maio de 2012 começou tudo que de pior pode acontecer. O começo do fim. Começamos a morrer nesse dia, embora com esperanças. Foram os dois piores anos de nossas vidas. Quanto sofrimento, meu filho...

Você foi tão valente! Nunca se queixou de nada, mesmo sofrendo tanto. Não maldizia e nem demonstrava tristeza. Ainda me encorajava. Descobrimos tantos amigos, tanto amor. Mas a noite traiçoeira veio em 22/Março 2014 _nós morremos nesse dia. Sei que nunca serei feliz. Sempre fomos pobres, mas tivemos uma vida rica de companheirismo e camaradagem, amizade e amor. Meu filho,  foram 32 anos de felicidade. Você foi o melhor filho e o melhor amigo. Não tenho mais medo da morte e sei que logo vou te encontrar. Olho para a porta da sala e não ouço mais a chave girar, você entrar e dizer: “Oi. Ninguém ligou?”

É muito triste. Há um vazio na minha vida. Quero reencontrar minha alma. A gente ria juntos,  brincava, conversava. Eu só era feliz, meu filho, porque me via nos seus olhos. De onde você estiver, toma conta de mim. Fica perto de mim. Lembre-se da nossa casa, de tudo que você deixou e que você adorava. Eu choro todos os dias de saudade de você. Enquanto eu respirar, vou me lembrar de você.

Te amo,

Mamãe   (Nov 2014)


ME aos 3 anos de idade

Cara....

Não tive o prazer de conhecer o grande ME, mas vendo pela ação que você, Tio, a Letícia (que também não conheço) e o grande Alex Ré - desculpe se esqueci outros nomes - tiveram para ajudar sua família, pude perceber o tipo de pessoa que o ME foi.

Ao ver a carta da mãe dele, é difícil não ficar emocionado, quiçá então para quem teve o prazer de conhecê-lo, como vocês.

Sinto muita pena que isso tenha acontecido com uma pessoa tão boa, para amigos e família, é fácil de notar que foi uma pessoa inesquecível.

Parabenizo a vocês pela ação em ajudar a mãe do Márcio e pelas grandes pessoas que também são.

Um grande abraço Tio... e um viva ao grande Márcio Eduardo.

viczav
Obrigado por suas palavras, caro. Elas tb me emocionam por me trazerem a certeza de que a gente não precisa ter proximidade com alguém pra "ser humano".

Emocionante Tio, deve ter sido um momento único pra você e o Kleber poder ter ouvido isso

Apesar de ter trocado comentários poucas vezes com ele, sempre o respeitei muito e foi ótimo ler sobre a visão da mãe sobre ele

Saiba que a família estará recebendo sempre boas energias, um grande abraço o/

Nando
Não tenho palavras pra descrever a dor dela ao ler esta carta pra gente, aos prantos. Ao mesmo tempo, foi bom ela tê-lo feito e ter ganhado um abraço reconfortante. Assim ela se lembrará de que não está sozinha.

Dor de mãe é profunda mesmo 

Algumas vezes nossas vidas tomam rumos que não gostaríamos e que não esperávamos, só com a força do alto ou no que VC acredita, para sairmos dos momentos difíceis.

meu peito doeu ao ler essa carta mas sei que as vibrações de amor chegaram e sempre chegarão ao Márcio e ele lá do plano maior esta sim protegendo a do Clélia, a avó e todo mundo.
Não consigo nem imaginar a dor de uma mãe que perde seu filho e qualquer palavra seria pouca ao tentar expressar isso mas sei também que Deus é conforto e nosso porto seguro e que ela está sendo amparada por muitas forças positivas.
O márcio faz falta sim, meus e-mails com ele eram sempre alegres e divertidos mesmo quando ele estava bem doente e essa falta pra mim que era um amigo virtual já é grande imagina pra amigos presentes como o Alex e o Kleber, o Alex Ré e muitos outros, sei que é um vazio mas temos que viver na esperança que um dia todos estarão reunidos do lado de lá.

Tio, que carta emocionante, tocou profundamente minha alma... meus mais sinceros sentimentos de amparo e força pra mãe do Marcio Eduardo e toda sua família e amigos